Vasco Branco – o homem e as artes

Vasco Augusto Ferreira Branco – VIC (artes plásticas), VAB (cinema) e Vasco Branco (literatura) – nasce a 27 de Setembro de 1919, na Freguesia da Vera Cruz, da cidade de Aveiro.

Nos anos 30, faz estágio como aprendiz de Farmácia, frequenta o Curso Industrial de Desenho e Pintura Cerâmica e aulas de Modelação do escultor Romão Júnior.

Em 1944 conclui a licenciatura em Farmácia pela Universidade do Porto, onde convive com Abel Salazar e com alguns artistas do chamado Grupo dos Independentes.

Nos últimos anos da década de 40 faz a sua primeira exposição individual de pintura e o seu primeiro trabalho em barro (um rosto de Cristo). Inicia também a sua colaboração na revista literária “Mundo Literário”, dirigida por Adolfo Casais Monteiro (1947).

Casou-se em 1945 com Maria Elisa Morais e Silva, sua colega de curso, com quem teve três filhos Rosa Alice, João Augusto e Vasco Afonso.

Em 1952 publica o primeiro livro de contos “Telhados de Vidro”. Nos anos seguintes colabora na revista “Bandarra” de Augusto Navarro e também assiduamente no Jornal “Litoral”. Em 1955 funda com outros Aveirenses o Cine Clube de Aveiro.

Em 1956, a “Litoral Editora” edita o seu segundo livro de contos “Flor Seca” e, em 1957, publica o seu primeiro romance “Gente ao Acaso”. Em 1958, roda o seu primeiro filme “O Bebé e Eu” que é galardoado com o primeiro prémio no Concurso Nacional do Clube Português de Cinema de Amadores de Lisboa.

Funda com David Cristo, Mário Sacramento, João Sarabando, entre outros, o Suplemento Literário do Semanário Litoral “Companha” (1959) e dirige com Mário Sacramento, Mário Braga e Vasco Mourisca a colecção “Centauro” da Livraria Atlântida de Coimbra. Esta editora publica-lhe o seu romance “Vagabundos Ilustrados”.

Logo em 1960 vê publicado o seu livro “ As Regras do Jogo” pela “Editora Arcádia” e é convidado por Cardoso Pires para escrever uma história ( A Teoria) para a secção antológica da Revista “Almanaque”.Neste mesmo ano, o filme “Circo e Etc” representa Portugal no Concurso Internacional da UNICA trazendo o primeiro diploma para Portugal.

É premiado em diversos concursos nacionais e internacionais de cinema amador, recebendo, nomeadamente, uma Menção Especial do júri do Festival Internacional de Cinema Amador de Cannes para o filme “O Espelho da Cidade” (1963). É convidado a integrar o júri desse Festival no ano seguinte.

Em 1965 a “Livraria Bertrand” publica o seu romance “Iva e o Mar”. Também neste ano, conquista diversos prémios em festivais internacionais de cinema amador na Figueira da Foz, Maiorca, Andorra e Chile, e a revista suíça “Cinéma International” distingue elogiosamente o seu filme “Tocata e Fuga”.

Em 1970, preside ao I Congresso Nacional de Cinema Amador organizado pelo Clube dos Galitos de Aveiro.Ainda nesse ano cria-se a Federação Portuguesa de Cinema de Amadores em que irá assumir as funções de presidente da Assembleia Geral. Em 1971 ajuda a fundar com outros artistas aveirenses o Grupo Aveiro/Arte e expõe escultura e pintura com este grupo no Salão Nobre do Teatro Aveirense. Publica o seu livro de contos e crónicas “Roteiro Impopular de uma Cidade” (1973) esgotado em duas semanas.

Em 1979, expõe as suas criações cerâmicas das Oficinas Olarte juntamente com os artistas Júlio Resende, Manuel de Aguiar, Afonso Henrique, pintor Mário Silva, no Salão Nobre do Clube dos Galitos, e recebe o Prémio de Ficção da Associação Portuguesa de Escritores com o romance “Os Generosos Delírios da Burguesia”, publicado no ano seguinte pela Morais Editora.

Também em 1980, assume a direcção gráfica da revista “Figuras” e expõe cerâmica na Cooperativa Árvore (Porto). É convidado para fazer parte do júri Internacional do Cinanima.

Em 1985 publica o livro “Palavras sem Voz”, pela Ulmeiro e ainda no mesmo ano a Câmara Municipal de Aveiro encomenda-lhe dois murais de grés em relevo para revestimento das ruas Coimbra e Belém do Pará. Em 1987 é-lhe adjudicada a resolução artística das paredes laterais do viaduto da freguesia de Esgueira, também na cidade de Aveiro.

Na década de 90, expõe pintura e cerâmica, em Aveiro e no estrangeiro, com os filhos João Augusto e Vasco Afonso. Faz parte do júri da II Bienal Internacional de Cerâmica Artística de Aveiro.

Edita o romance “Cidade Salgada”, edição Câmara Municipal de Aveiro (1993) e é galardoado com a Medalha de Mérito Municipal numa homenagem prestada pela Câmara Municipal de Aveiro.Em 1994, publica “Encontros Imediatos Sem Qualquer Grau” pela Estante Editora e “Do Natal – Dez histórias impopulares, com desenhos inéditos de Júlio Resende e edição de “Lions Clube de Santa Joana”.

Em 2000 a Câmara Municipal de Aveiro institui um prémio anual: o prémio Vasco Branco. Em 2005, o seu romance “Os Generosos Delírios da Burguesia” é reeditado pela Quasi Edições.